Eu sou um poço de timidez. Daquele tipo de pessoa que vira uma maçã quando encontra alguém em especial ou começa a gaguejar quando precisa falar em frente aos outros. Mesmo tentando tirar o nó da garganta, ainda travo muito e esqueço as palavras. Minha família sempre disse que eu era uma criança que vivia afundada em livros ou a escrever em cadernos e não tinha muitos amigos - eles acham isso ruim, porém nunca me preocupei com isso, na verdade, sempre gostei de ficar no meu canto.
Mas quando se trata de relacionamentos amorosos, eu prefiro desconversar. Costumo fugir dos meus alvos de interesse, não por maldade, mas porque eu não consigo encarar, e muito menos, dar um simples "oi" pro ser sem gaguejar ou travar. Uma vez eu fui dar um "oi, tudo bom?" e não consegui falar nada - foi bem constrangedor. Normalmente quem faz as pontes de transição nisso são os amigos (ou o álcool, haha) e aos poucos, eu vou me tornando um ser tagarela e fazendo piadas sem sentido. Intimidade sempre ajuda.
Há uma situação parecida atualmente, a qual eu ando bem apavorada, sendo bem sincera. Um pouco paranoica, olhando para todos os lugares para evitar situações. Mas com a aprovação no Ciência sem Fronteiras ontem (e a minha ida ficando cada vez mais próxima), uma amiga falou "Sua chance de tomar vontade". Depois ela se corrigiu falando que era pra ter dito "tomar coragem", mas acho que é vontade mesmo. É vontade de sair desse bloco de gelo que me coloquei, ir lá e fazer o negócio acontecer, por mais medo que eu tenha, por mais que eu não ache que vai ser correspondido - e se for? Ah, só vou ter alguns meses aqui. "Mas daí você aproveita o máximo que der". Essa era a intenção.
Ainda olho pro ser durante os momentos que o encontro, tremo uns bons bocados e dou meia-volta. Nem na internet, onde você (teoricamente) poderia falar de tudo, eu tenho não coragem de abrir a maldita da janela e dizer qualquer coisa, imagine ao vivo! É assim que eu perco a chance de conhecer melhor alguém que pode ser uma pessoa incrível, por mais que só me reste apenas cinco meses nesse país.
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Observação: e não venham com "mas você vai voltar!". Sejam realistas sobre relacionamentos, por favor - ou sou eu que sou pessimista sobre isso?