"On the phone long, long distance, always through such strong resistance. And first you say you're too busy, I wonder if you even miss me. Never there, you're never there, you're never ever ever there."
(Cake)

O vestibular fudeu a minha vida.
É, assim, no jeito mais debocado possível, porque a agressividade que ele atacou minha vida é imperdoável. Primeiro em 2007, quando tive que me matar de estudar para o PSS 2 (UFPa) , por medo de ter que fazer todas as provas em 2008, perdi vários amigos. Em 2008, encarei o PSS 3 como a prova decisiva da minha vida, parecia que depois do dia primeiro de fevereiro de 2009, minha vida acabaria. Perdi namorado e mais amigos. E no fim? Eu desisti de engenharia química no final do primeiro ano.
Em 2010, lá vem ele novamente. E pra piorar tudo, ele vem com um nível de dificuldade que deixa a prova da UFPa no chinelo. USP e Unicamp. Eu fiz novos amigos, ganhei um namorado. Mas o que o vestibular fez? Destruiu meus relacionamentos, novamente! Amigos me ligavam e eu sempre com a mesma ladainha "Não posso, preciso estudar". E anda atacando meu namoro. Com um namorado extremamente estudioso, é meio difícil arranjar algum tempo. Nem me visitar ele visita, porque eu moro longe. Se eu pedisse isso para Lie, Eros (quando morava aqui), Juliana e alguns mais, eu sei que ele viriam, porque eu também estou ali para eles. Se eu me desloco até a doca para vê-lo - e não reclamo em fazer isso -, por que ele não pode vir na Augusto Montenegro? Frescura, merda. E quando preciso de alguém, ele some. Sempre é assim. Merda de vestibular filha-da-puta!
Todo mundo fala que vou me sentir recompensada caso passe no sudeste depois. Beleza, a preço do quê? Novamente! Eu já sou anti-social (e a nova ortografia que se dane) suficiente sem vestibular, um bicho-do-mato. Perdendo família, amigos e namorado. Vou olhar para trás e perceber que estou sozinha. Como aconteceu em fevereiro de 2008. Novamente!
Portanto, Fuvest, Unicamp e UFPa: vão tomar no cu!

Preciso ir estudar, aliás. Tchau.


PS.: A letra de Cake tanto refere-se para meu desleixo em relação aos meus relacionamentos, tanto para meu namorado, tanto para o que for.

"You may tire of me as our December sun is setting because I'm not who I used to be. No longer easy on the eyes, but these wrinkles masterfully disguise the youthful boy below, Who turned your way and saw something he was not looking for. Both a beginning and an end. But now he lives inside someone he does not recognize, when he catches his reflection on accident."
(DCFC)


Saudades. Foi o que eu liberei, assustada, ao abraçar a Isabela hoje.
O que é sentir falta de alguém? Anteontem, ao passar uma sms para Liege, me perguntei. Tudo porque eu disse que não sentiria falta.
...
A mudança foi brutal e tudo só fez sentido agora. A pessoa que dependia sentimentalmente de outras, tanto amantes, como amigos, aonde ela foi? Substituída por uma que não cria laços fortes e também não esmera-se para mantê-los. Fingia não ouvir os comentários - às vezes, críticas - do Diego ou do Eros, por achar que nada havia de novo. E agora, com a realidade escancarada, o que devo pensar? Laços novos, laços antigos, que aos poucos vão corroendo-se. Consigo escutar reclamações de pessoas sobre a minha distância, sobre como não me importo. Elas parecem longes, como sussuros. Provavelmente porque já faz muitos meses que algumas foram feitas e agora aparecem como fantasmas.
De algum jeito, me sinto segura, rígida, escondida atrás dos meus muros. E confortável, confesso. Egocentrismo? Não sei. O que sei é que muitos dos meus amigos e colegas estão magoados comigo. Muitos encaram como o vestibular, mas no fundo eu sei que é outro motivo. Porque eu quis e fiz assim. Desatei laços e perdi pessoas. Algumas continuam por perto, apesar de saberem que já não há mais nada. Meus laços familiares, sempre foram fortes. E agora, a cada dia que passa, eles estão... estranhos. Sinto-me autoritária perto da minha família, apesar de filha.
Autoritária. Bicho-do-mato. Calada. Eu observo, analiso e critico. Faço isso quinhentas vezes ao dia, no modo automático. Critico-me até o estresse me consumir. Não choro mais pela dor e só, choro pelo meu erro. Não choro pelos outros, choro por mim. Não consigo depositar minha confiança em mais ninguém, sequer nos mais íntimos possíveis. Sei que isso magoou algumas pessoas, inclusive meu namorado e pai, ao lhes contar, porém não há o que eu possa fazer, é algo que virá, espero, com o tempo. Minto, confio em alguém. Confio em mim, nas minhas decisões, nos meus próprios conselhos, nas minhas quedas, nas minhas atitudes, nos meus cálculos, na minha visão de mundo. Ego. Ego. Sou toda ego, egoísta, egocêntrica. Sou toda eu e mais eu.
...
Mas, o que senti hoje com Isabela, foi estranho e ao mesmo tempo tão familiar.
A mesma sensação ao beijar o Diego, dar carinho ao Juca, falar com o Eros no telefone ou abraçar o Bry. Saudades? Não, é algo mais forte. Talvez sejam os laços novamente! É, tomara que sejam! Sinto falta, agora sei que sinto. No fim de tudo isso, que falta me fazem meus amigos... que falta me faz o "Oe oe" do Ingo, o "Micaaaa" da Wanessa, as risadas da Juliana, o jeito sensual de ser do Patrick, o "coisinha" do Alex, as conversas com o Rafael... que falta faz, você, que está lendo.




Foto: vista aérea de São Paulo, por mim, em 29 de novembro de 2010.