"Você pode escutar os sussurros que o vento causa quando circula entre as folhas?"
Ela se perguntou. A cada passo ela cada vez mais entrava dentro daquele bosque. Os sons de pequenos galhos sendo esmagados, os zumbidos, os cheiros, os toques... se perdendo cada vez mais naquele caminho que não parecia nunca acabar.
Sentou-se à beira de um riacho, observando o entardecer cujos raios espremiam-se entre as árvores. Com o olhar vidrado, não conseguia focar e direcioná-lo. Ela não sentia nada. Havia um silêncio dentro dela. Seus pensamentos haviam cessado faz tempo. O abandono havia levado ela até o meio daquele bosque.
E como voltar? Olhou para a direção da onde pensara que viera. Não reconhecia aqueles padrões de plantas, porém imaginou que fosse pra lá. Levantou-se. Alguma coisa ainda a levava para frente, mesmo que no caminho mais desconhecido possível.
Enquanto retornava, percebeu que não havia para onde retornar. Era aquele mesmo lugar? "Não, obrigada" pensou. Respirou fundo enquanto se afundava nas sombras cada vez maiores causadas pela chegada da noite.
Sentou para descansar e encostou em uma árvore. Estava caindo no sono ao sentir aquela corda apertar-lhe a garganta. Tentava respirar, cortar aquilo com qualquer coisa que tinha no chão, tentava ver quem poderia lhe fazer algo assim. Encontrou um par de olhos castanhos, muito brilhantes, na escuridão. A luz fraca da lua conseguia refletir madeixas curvilíneas daquela criatura, enquanto em seu rosto, o sorriso quase maníaco deu espaço para uma gargalhada fria. Foi tudo que conseguiu ver antes de apagar.
Sentou para descansar e encostou em uma árvore. Estava caindo no sono ao sentir aquela corda apertar-lhe a garganta. Tentava respirar, cortar aquilo com qualquer coisa que tinha no chão, tentava ver quem poderia lhe fazer algo assim. Encontrou um par de olhos castanhos, muito brilhantes, na escuridão. A luz fraca da lua conseguia refletir madeixas curvilíneas daquela criatura, enquanto em seu rosto, o sorriso quase maníaco deu espaço para uma gargalhada fria. Foi tudo que conseguiu ver antes de apagar.
Acordou jogada no chão. Se encolheu no sofá, com o rosto afundado nas mãos querendo fugir. Queria gritar, porém foi em vão. Enquanto isso, um vizinho cantante com seu violão, fazia companhia, sem saber, para ela. Pelo menos, ele e o cheiro de cigarro não eram frutos da sua imaginação.
Porém, os olhos brilhantes continuavam a lhe observar, insaciados, do lado de dentro do espelho.