Noites de Outono

quinta-feira, outubro 15, 2009

Segunda-feira.
Ela voltava sozinha da portaria do condomínio para casa. Uma noite silenciosa, triste. Havia acabado de se despedir de sua melhor amiga, aquela que limpara suas lágrimas na tarde chuvosa.
Nada parecia ter sentido. Nem o vento, as estrelas, nem a imensidão da noite. Entrou em casa, tomou um banho, saiu de casa. Uma vontade desgraçada estava em sua cabeça. Entrou no ônibus, desceu do ônibus. A rua estava completamente deserta. Eram 21h. Entra na avenida. Pega o celular. Ela vê um dos amigos dele correr para o telefone. Ela diz no celular:
- Olha pra fora.
Se cumprimentam, ele vai chamá-lo.

(...)

Eles se olham. Ele pergunta o por quê dela estar ali. Ela sente as lágrimas mas consegue fazê-las recuar. Fica firme. Eles discutem fatos e atos até 23:30. Tarde da noite. Ela iria dormir lá. Eles sobem para cochilar num cantinho enquanto não desocupam os quartos. Deitam e ficam quietos, se acomodando para dormir. Ele quebra o silêncio.
- Vem cá.
Ela vira para ele. Se observam por um instante, até começarem a trocar carinhos. Fazem amor. Carinhos. Descem e todo mundo já estava na cama. Ela a acomoda, ajeita o lençol nos dois e a abraça. Ficam aos carinhos o resto da madrugada. Ora cochilando, ora aos carinhos. Choro de ambos. Dor, amor.
7h. Andam de mãos dadas. O ônibus dele. Um beijo e ele corre. Uma sms com um "eu te amo". Ela chega em casa, deita na cama e chora. As alianças nos dedos de ambos, entretanto não eram mais namorados.


Listen to my heart, can you hear it sings?
telling me to give you everything
Seasons may change, winter to spring
But I love you until the end of time
(Come What May - Moulin Rouge)

1 reações

  1. Qual o peso do silêncio? o suficiente pra tentar expressar o que é o encontro de dois (pra que definições...)?

    Dor, amor.
    que combinação inexplicável. Por que dói amar? Por que dói quando um apenas ama? Por que dói mesmo quando dois se amam?
    Bendito dualismo, o que somos sem vós? vós sois nossa própria carne.

    o que te digo, Fernanda, é o que eu poderia te dizer? quantas perguntas...
    mas a derradeira - o que há de trazer o futuro, que nem se sabe?
    (não há de se ter pressa - daqui a um milésimo: fez-se futuro.)

    Enxugo-te, também, as lágrimas já secas com estas poucas palavras. E as lembranças hão de te fazer companhia, enquanto apenas são lembranças.

    Eu,
    A.

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