Belém, retorno, tropeços e inseguranças.

segunda-feira, dezembro 26, 2011

Quando estava em São Carlos, eu sabia muito bem o que eu iria enfrentar quando voltasse pra minha cidade natal. Existia tantos problemas para resolver em Belém, que isso me afetava muito em São Carlos. Problemas graves, que eu quase não dividia com ninguém, por serem íntimos demais. E se segurei toda a barra em Sanca, foi graças ao meus amigos, já que com a família eu já não podia contar.
Foi quando alguns dos meus novos amigos paulistas tornaram-se quase irmãos, cuidando de mim, me dando um teto pra dormir quando eu já não conseguia dormir direito - com a desculpa de sempre estar fazendo trabalho, mas no fundo eu estava muito triste. A culpa me desolava muito, apesar de não ter feito nada, diretamente, para isso. São Carlos, USP, o estado de São Paulo, eram os maiores problemas, sem querer que eles fossem. Além de tudo, tive força pelos meninos de Belém, principalmente Diego, que sempre esteve ali e foi o único a ouvir inteiramente tudo o que eu sentia, pensava, o que acontecia.
Cansei de chorar algumas noites, meus amigos dormiam ao meu lado e eu me sentia em paz. Muitos falaram que não sabiam como eu aguentava aquela situação, outros não falavam nada, mas seguravam minha mão, me abraçavam, me davam toda a força que tive pra concluir meu segundo semestre. Com eles, eu me sentia capaz de ser forte, enfrentar com força os monstros que a cada ligação de Belém eu recebia. No fim, apesar de cansada, estava certa que eu iria voltar para melhor. Confesso que pensei em ficar, mas isso seria fugir de algo que também faz parte de mim.
Voltei no avião pra Belém contabilizando a bagunça que iria encontrar e como eu poderia organizá-la, ajudar outros a limpá-la direito. Cada mala que peguei na esteira, era a prova que eu estava em outro lugar do país, era a minha culpa. Engoli em seco e fui encarar a realidade.
Nestas últimas duas semanas, aconteceram tantas coisas, que minha cabeça deu um nó. Fora os principais problemas de sempre, existiam outros debaixo do tapete, envolvendo outras pessoas também. E alguns problemas do nada começaram a aflorar no meu dia-a-dia. Quarta passada explodi e saí de casa. Eu já não tinha forças pra gritar, pra chorar, precisava de ar, de alguém que não morasse no meu teto.
As coisas que Diego dissera pra mim, antes de sair de São Carlos, fizera algum efeito. Por mais dolorosas que fossem, eram como tapas para que eu acordasse e levantasse. "Sozinha" - na casa de outros -, refiz todos os meus passos até ali, como fugi algumas vezes de outros problemas, fiquei em silêncio diante de outros, me excluí algumas vezes, foi egoísta tantas outras...
Apesar de um pouco do meu desespero ainda estar aqui, me sinto mais segura do que devo fazer, das decisões que preciso tomar. Belém ainda me parece tão triste, mas isso vai passar... não voltei aqui pra chorar.

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