"A candle's fickle flame".

terça-feira, maio 08, 2012

Poucas músicas fizeram a minha vida como "Never There", da banda Cake. Lançada em 1998, eu cresci ouvindo-a tocar a ausência da minha família na minha vida. Eu sabia que meu pai só tinha a opção de trabalhar para dar o melhor que ele poderia para mim - e ele assim o fez, deu-me o melhor -, minha mãe era/é uma completa estranha e meu irmão sempre fora meu melhor amigo, mesmo morando longe de mim até meus 15 anos, quando ele veio morar comigo. Minha tia, a que tenho como segunda mãe, morava em outra cidade, mas mesmo assim fazia-se presente. Minhas relações familiares nunca foram estáveis. Primos, avós, tios, tudo era efêmero. Não havia presença ali e eu cresci presa em meio de reuniões de adultos, sem comer "bobagens" e com um computador para me distrair - como até hoje.
Não sei. Hoje em dia sou uma pessoa extremamente carente. Não que estes fatores familiares tenham definido isso, mas há a possibilidade de uma certa influência. O curioso disso tudo é que eu sou uma pessoa, como meu pai diz, extremamente independente, mas ao mesmo tempo, dependente. Como posso explicar?
Eu me mudei para São Carlos ano passado. Não foi doloroso e eu sabia que não seria. Tudo o que mais queria na vida era explorar o mundo, sair da bolha chamada "Belém" e ganhar a vida sozinha. Aos 19 anos, isso parecia tão natural quanto eu fosse no shopping perto da minha casa na cidade natal. Porém, eu senti as rachaduras realmente aparecerem quando tive abalos sentimentais graves. Fiquei exposta e percebi toda a minha dependência aos amigos e ao ex-namorado. Eu não havia uma base familiar para me botar no colo, para me sustentar emocionalmente.
Eu estava só.
As relações de amizade e amorosas que eu tinha/tenho são temporárias - principalmente na idade que estou -, mas como lidar com isso, com toda aquela dor naquela crise infernal, aquela culpa, sozinha? Minha própria família é um laço frágil e entre eles não há nenhuma harmonia. Eles fingem para o mundo que estão bem, enquanto no fundo estão tentando acabar com o pouco que eles possuem. Ou fingindo ter qualquer coisa, porque, pelo menos pra mim, eles não possuem nada... apenas a falta de respeito e a maledicência.
Daí você usa todo o egoísmo possível para ser forte e acaba descontando em gente que não tem nada a ver com que você está sentindo. Ou que na verdade tem. E lá vai mais um laço pra se cortar, mais uma dor pra sentir, mais uma relação para se desfazer, mais uma frustração.
No fundo, sou apenas mais uma solidão ambulante tentando se completar nos outros. Ninguém é uma ilha, mas bem que eu gostaria de ser. Por um pouco mais de autossuficiência para mim, pois se eu continuar desse jeito, tudo vai desandar mais do que já está.


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