Por várias sextas-feiras ela esperou a fio na janela, na sacada, por aquele que era seu norte. Algumas vezes, em sua maioria, ela foi feliz ali. Hoje eu fui para a sacada onde aquela garota ansiou algumas noites, porém não obtive sucesso. Tentei abraçar ela, consolar a dor que a consumia, mas nem isso a ajudou. Fiquei com um pouco de dó, assim como também de raiva da mesma. Resolvi ir deitar. Senti-me na pele dela. Esperei a longa noite dos insones, dos desesperados.
Meia-luz, um chá pra esquentar, uma cerveja pra animar. Alguém na outra sacada fuma um cigarro. Soltam-se os cabelos, tira-se a roupa. Tudo passa a girar. Na minha sacada, parece um local inapropriado primeiramente, mas após algumas análises parece ótimo. Escuto o vizinho conversar em algum andar. Chuto uma roupa no chão. Vamos jogar? Nos arriscar?
Parece sexo, mas é só uma mulher tentando escrever em um caderno antigo sem inspiração.
Parece sexo, mas é só uma mulher tentando escrever em um caderno antigo sem inspiração.
Sabe o que eu falei ontem sobre os pais terem sempre razão? Deixa pra lá.
Não sei quantas lágrimas derramei hoje tentando convencer a alguém os porquês d'eu estar ajudando alguém com a sua estadia aqui, sendo buddy, sendo coordenadora de células de comunicação, e depois ser questionada sobre excelência acadêmica (coisa que, pelo menos a USP, me considera segundo seus critérios recentes) e sobre o quão eu deveria amar meu curso. Eu não sou loucamente apaixonada por arquitetura como alguns amigos meus são, mas tenho lá minhas quedas por planejamento urbano, habitação social, paisagismo. Mas pra ser, por exemplo, urbanista, eu tenho que ser arquiteta também. Mas até quando eu vou ter que explicar isso, por favor?!
E daqui, o que me resta, é ouvir calada? Não, eu vou atrás do que acredito, valorizando não só o meu curso e o dinheiro nele investido, mas assim como as oportunidades que essa cidade me deu, como iniciação tecnológica, como a Aiesec, como o USP Recicla, como os trabalhos voluntários rápidos, como a zumba, como meus amigos daqui, como as lições que eu tive aqui, como o quanto eu cresci como pessoa nessa cidade. Cresci levando na cara, como todo mundo, mas já fico um pouco mais orgulhosa das coisas que eu pude fazer, tanto por mim, quanto pelos outros. E vem alguém, me liga ás 2h da manhã primeiramente no intuito de perguntar se estou bem, mas pra depois falar do quão irresponsável com o meu curso eu seria (sendo a aluna de excelência, mas alguém espera um 9 de média final, é isso?).
Porra, eu faço tudo o que posso! Eu me mato virando uma, duas noites pra entregar um projeto, pesquisando mais de 10 livros por vários dias pra escrever uma proposta (que aliás, meu orientador de material didático, ainda não está satisfeito), tive que estudar três semanas antes pro Toefl nas três semanas finais do semestre, me desesperei em cima das minhas apostilas de estruturas porque eu não estava entendendo nada, chateei amigos porque faltei em reuniões de projeto pra ter que ir em reuniões da Aiesec (e corri com todo o prejuízo depois), passei semanas estudando pra uma prova e levei uma nota bem menor do que alguém que estudou na noite anterior, cansei de chorar pra Thaís e pra Tiffany porque eu, não importa o quanto de mim eu tinha dado em uma matéria, não parecia o suficiente. Cansei de me martirizar pelos meus erros e como minha família/amigos/amados os veria. E sabe pra que? Pra chegar em Belém pra dar orgulho pra ÚNICA pessoa pra quem eu acho que tenho que dedicar todo o meu esforço? PRA QUE? PRA LEVAR NA CARA DESSE JEITO?
Eu não dou o direito de alguém me ligar no meio da noite, atrapalhando o meu sono, pra reclamar e jogar na minha cara o quão irresponsável, incompetente eu seria. Não importa se é uma pessoa x ou é ele. Uma coisa que aprendi nesses poucos 21 anos foi que o que eu ouvia em casa, a destruidora, a incompetente da Fernanda, irresponsável, a que esquecia tudo de propósito: eu não sou nada disso, pelo menos pra mim. E vou continuar não sendo. O meu erro foi dedicar tudo pra uma pessoa só e não fazer as coisas porque eu as amava, mas sim para alguém que me amava me olhar com orgulho. Uma vez, a irmã de um ex-namorado meu me sugeriu que eu deveria me amar mais ao invés de tentar agradar tanto os outros, de tentar dar tanto orgulho para os outros. É difícil, mas a vida vai fazendo a gente aprender isso, na porrada. Eu me orgulho pra caralho de mim mesma. Eu dei o meu melhor em toda a minha vida; na maioria das coisas que fiz, obtive sucesso; sou egoísta, sei que sou, mas não foi por isso que soltei a mão de ninguém.
Não, meu querido, eu não vou deixar minha buddy na mão, não vou largar a Aiesec, não vou desistir do meu atual sonho inglês, não vou deixar minha média de excelência cair, e sim, aumentar. E vou fazer as coisas do jeito que eu acho que elas são corretas. Se eu quebrar a cara, vou ter contas a acertar comigo e não com você!
Não sei quantas lágrimas derramei hoje tentando convencer a alguém os porquês d'eu estar ajudando alguém com a sua estadia aqui, sendo buddy, sendo coordenadora de células de comunicação, e depois ser questionada sobre excelência acadêmica (coisa que, pelo menos a USP, me considera segundo seus critérios recentes) e sobre o quão eu deveria amar meu curso. Eu não sou loucamente apaixonada por arquitetura como alguns amigos meus são, mas tenho lá minhas quedas por planejamento urbano, habitação social, paisagismo. Mas pra ser, por exemplo, urbanista, eu tenho que ser arquiteta também. Mas até quando eu vou ter que explicar isso, por favor?!
E daqui, o que me resta, é ouvir calada? Não, eu vou atrás do que acredito, valorizando não só o meu curso e o dinheiro nele investido, mas assim como as oportunidades que essa cidade me deu, como iniciação tecnológica, como a Aiesec, como o USP Recicla, como os trabalhos voluntários rápidos, como a zumba, como meus amigos daqui, como as lições que eu tive aqui, como o quanto eu cresci como pessoa nessa cidade. Cresci levando na cara, como todo mundo, mas já fico um pouco mais orgulhosa das coisas que eu pude fazer, tanto por mim, quanto pelos outros. E vem alguém, me liga ás 2h da manhã primeiramente no intuito de perguntar se estou bem, mas pra depois falar do quão irresponsável com o meu curso eu seria (sendo a aluna de excelência, mas alguém espera um 9 de média final, é isso?).
Porra, eu faço tudo o que posso! Eu me mato virando uma, duas noites pra entregar um projeto, pesquisando mais de 10 livros por vários dias pra escrever uma proposta (que aliás, meu orientador de material didático, ainda não está satisfeito), tive que estudar três semanas antes pro Toefl nas três semanas finais do semestre, me desesperei em cima das minhas apostilas de estruturas porque eu não estava entendendo nada, chateei amigos porque faltei em reuniões de projeto pra ter que ir em reuniões da Aiesec (e corri com todo o prejuízo depois), passei semanas estudando pra uma prova e levei uma nota bem menor do que alguém que estudou na noite anterior, cansei de chorar pra Thaís e pra Tiffany porque eu, não importa o quanto de mim eu tinha dado em uma matéria, não parecia o suficiente. Cansei de me martirizar pelos meus erros e como minha família/amigos/amados os veria. E sabe pra que? Pra chegar em Belém pra dar orgulho pra ÚNICA pessoa pra quem eu acho que tenho que dedicar todo o meu esforço? PRA QUE? PRA LEVAR NA CARA DESSE JEITO?
Eu não dou o direito de alguém me ligar no meio da noite, atrapalhando o meu sono, pra reclamar e jogar na minha cara o quão irresponsável, incompetente eu seria. Não importa se é uma pessoa x ou é ele. Uma coisa que aprendi nesses poucos 21 anos foi que o que eu ouvia em casa, a destruidora, a incompetente da Fernanda, irresponsável, a que esquecia tudo de propósito: eu não sou nada disso, pelo menos pra mim. E vou continuar não sendo. O meu erro foi dedicar tudo pra uma pessoa só e não fazer as coisas porque eu as amava, mas sim para alguém que me amava me olhar com orgulho. Uma vez, a irmã de um ex-namorado meu me sugeriu que eu deveria me amar mais ao invés de tentar agradar tanto os outros, de tentar dar tanto orgulho para os outros. É difícil, mas a vida vai fazendo a gente aprender isso, na porrada. Eu me orgulho pra caralho de mim mesma. Eu dei o meu melhor em toda a minha vida; na maioria das coisas que fiz, obtive sucesso; sou egoísta, sei que sou, mas não foi por isso que soltei a mão de ninguém.
Não, meu querido, eu não vou deixar minha buddy na mão, não vou largar a Aiesec, não vou desistir do meu atual sonho inglês, não vou deixar minha média de excelência cair, e sim, aumentar. E vou fazer as coisas do jeito que eu acho que elas são corretas. Se eu quebrar a cara, vou ter contas a acertar comigo e não com você!
(texto mais para desabafo/atualização rápida do que qualquer coisa. Devo ter tido devaneios durante, provavelmente pelo sono acumulado)
Com a recente aprovação da USP sobre a minha pré-candidatura, agora eu posso realmente falar: chegou a hora de provar para mim mesma do quanto eu posso ir longe, do quanto minhas experiências pessoas e profissionais farão a diferença, do quanto minha perseverança pode ser testada - além da paciência. O que me deixa um pouco mais "tranquila" é ter conhecido várias pessoas na mesma situação que eu, sofrendo pela ansiedade, brigando com a burocracia, esperando pelas respostas, por cada aprovação em cada fase. Nós sabemos que ainda há bastante coisa pela frente, mas caminhamos em ritmo otimista.
A pessoa que mais me apoiou nesses quase três meses de fases iniciais, meu pai, é para quem dedico toda e qualquer vitória. E é a quem peço desculpas por às vezes ser irritante, briguenta e persistente ao extremo.O momento de ser realmente avaliada pelas grandes está se aproximando e já estou sofrendo bastante de nervosismo e da minha autocrítica piorar (Será que eu mandei tudo que tinha que mandar? Deu tudo de mim? Faltou alguma coisa que possa atrapalhar? Será que sou boa o suficiente?).
Eu sou boa o suficiente. Fernanda, foca no pensamento positivo! Dei o meu melhor, deixei minha vida pessoal se perder um pouco por causa da profissional e não é agora que vou largar o barco e pular pro bote. Vamos sem medo, vai dar tudo certo.
Como sempre meu pai diz: "Quando você mete uma coisa na cabeça, não descansa até conseguir. Faça isso agora e não deixe nada atrapalhar ou te machucar".
Não adianta, pais estão sempre certos. Somos bem tolos ao dizer o inverso.
Vou passar os próximos dois meses até a lista oficial desse jeito, mas sejamos fortes:
I WANNA SCREAM AND SHOUT AND LET IT ALL LOUD
Ah, eu consegui um cargo de liderança na Aiesec! Finalmente, depois de uma longa espera depois que a estrutura foi completamente mudada. Ninguém passa mais por cima de Comm enquanto eu estiver na minha gestão ou cabeças vão rolar. Vamos mudar algumas coisas, foco em pessoas e não em números! Inclusive achava que iam recusar pela minha postura, mas ser o mais sincera possível deu certo. Segundo as pessoas "sou do tipo 1 de eneagrama", cética, perfeccionista, possuo auto-culpa, intolerância, sou organizada, justa, ética e disciplinada. Bom, é o que dizem, apesar d'eu não concordar com organizada, hahaha. Sou a bagunça em pessoa! Enfim... eu não ando lá muito satisfeita com a organização, mas já que ninguém parece gostar de pessoas e curtir uns números, então vamos trabalhar inversamente. Gosto deles, gosto da proposta, mas às vezes sinto que parece uma empresa comum e não algo que proporciona mudanças na vida das pessoas. MC/EB, eu não curto vocês e suas metas, sorry, me expulsem se quiserem. Eu fico puta porque um monte de gente boa da organização saiu por causa dessa mesma insatisfação ou próxima a ela e ninguém faz nada em relação a isso. Se você se ofendeu lendo isso, ótimo, porque a estrutura não está funcionando! Estamos em um buraco, pessoas, e já faz um bom tempo.
São Carlos está um pouco tediosa há um mês, apesar do trabalho e iniciação industrial. Tenho um monte de habitações pra pesquisar, mas a pré-preguiça de carnaval já tomou conta de mim. Chamei ela carinhosamente de cidade soneca, porque parece que adormece nas férias. Saudades de Belém, sabe lá quando vou voltar pra lá agora... saudades do meu pai e do seu sorriso pela manhã, da risada do meu irmão e do miado do Torrada querendo subir na cama quando vou dormir. Sei lá, vou é deitar com as minhas saudades aqui.