Conversa de irmão pra irmão.

segunda-feira, outubro 29, 2012

Desde muito pequena tive uma relação forte de cumplicidade com meu irmão, 1 ano e 3 meses mais novo. Talvez pela proximidade das idades, tínhamos/temos os mesmos problemas e dramas. Quando éramos muito crianças, gostávamos de bater um no outro, correr pela casa da vovó, brincar de pira-esconde com os primos, enfim, crianças comuns. E apesar de termos morado com pais separados na infância, isso nunca foi um empecilho para nossa relação ser forte. 
Estou lendo "Quase Tudo", da Danuza Leão, e em uma passagem do livro ela comenta que sua relação com Nara (Leão), sua irmã mais nova, só veio realmente se firmar na adolescência da mais nova e as duas viraram grandes amigas. Foi mais ou menos assim com o João Pedro e comigo. Quando eu tinha 15 anos, o João veio morar comigo. No início foi bem curioso, principalmente para mim, que vivi muito tempo da minha vida tendo um quarto só para mim. Talvez eu tive uma facilidade maior para conviver com ele devido sempre andar com meninos no colégio desde pequena. E depois disso, nosso relacionamento ficou tão forte que hoje, mesmo com a distância de 3000 km, ainda nos falamos praticamente diariamente e algumas vezes por horas.
Hoje depois do almoço, aproveitei para ligar para ele. Ficamos quase uma hora no telefone (depois de 3 quedas de sinal devido a operadora não ser boa - não preciso citar qual) falando sobre os nossos anseios e principalmente sobre meu último mês, que não foi lá muito bom. Deu vontade de chorar algumas vezes, mas engoli o choro. Afinal, tenho que mostrar para ele que sou forte; ainda sou daquelas irmãs mais velhas que acha que tenho que dar o exemplo. Ele, todo carinhoso e solidário, deu seus conselhos e suas visões. E coincidência ou não, ele passou por uma crise relativamente parecida há algum tempo atrás, o que facilitou suas análises. 
Ele é uma das duas únicas pessoas as quais tenho coragem de abrir meu coração e me expor de tal maneira que isso poderia acabar comigo algum dia. A confiança é tão ampla, sensível e única, que eu sou incapaz de esconder um detalhe da minha vida para ele.
Eu sinto muita falta dele, afinal desde de fevereiro que não o vejo e internet/celular não ajuda muito. Sinto falta do sorriso, da risada, do jeito preguiçoso que ele dormia depois do almoço, daqueles olhares trocados do tipo "eu sei o que você tá pensando" e então um sorriso de confirmação, das longas conversas antes de dormir, das reflexões e até das brigas (as quais a gente praticamente nunca tem). Calma, faltam 45 dias pra eu te dar um abraço, João!

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