Sendo boboca, mas e daí?

terça-feira, junho 13, 2017

"Eu vou acabar fazendo tudo errado, vou ficar com medo de gostar muito dele e no final vou fugir". Não vou negar que era a lógica inicial. Mas eu fui ficando. Fui hesitando ali e acolá, mas quando eu vi, já estava sentindo falta quando não tinha uma madrugada com você. E lembro bem que eu senti essa falta em uma das madrugadas que você não esteve presente. Foi o momento trágico e hilário ao mesmo tempo que eu estava decidindo se não era hora de pular do barco e voltar pra ficar a deriva sozinha novamente. 
E decidi que não.
Porém, eu também compreendia que tomando essa decisão seria a abertura não apenas para o lado bonito de começar a gostar de alguém, mas que também me deixaria vulnerável para todos os medos e receios que viriam junto com ela. Tudo o que eu evitei nos últimos dois anos e meio. Eu teria que lidar com isso, não deixar que a auto sabotagem começasse a me corromper e enfrentar os medos de me machucar novamente. Algumas pessoas me falaram que "cada pessoa é diferente, seu futuro romance não é igual ao anterior". Isso basicamente é muito bonito na teoria, mas isso não acontece de verdade, Você sempre vai se machucar, sabe? Não importa. Qualquer tipo de relacionamento: familiar, amoroso, amizade. Mas os acontecimentos durante uma ruptura, traumas obtidos e consequências futuras são diferentes pra cada tipo de pessoa. 
No segundo semestre de 2014, me vi emocionalmente frágil, com depressão grave, transtorno de ansiedade, fobia social, sem amigos, sem motivação para sequer, literalmente, estar viva. E depois vieram mais acontecimentos que me machucaram fisicamente. Quando a tempestade passou, eu me vi destruída. Eu precisava reconstruir, precisava aprender que eu precisava muito mais de mim do que do resto das pessoas, precisava encontrar paz dentro de mim. Eu queria esquecer, mas as marcas nunca me abandonaram. Eu levei muito tempo para me perdoar pelos meus erros e entender o que eu havia vivido. Eu me entreguei ao trabalho, no Dota, nos sonos longos, no Daforin e nos calmantes/remédios para sono associados com ele. E por um ano e meio, até o começo de 2016, eu vivi assim. Nesses dois anos e meio, apareceram algumas pessoas na minha vida com a possibilidade de ligação romântica. Mas eu ficava com medo, começava a ver meus erros novamente e ia embora antes de ter uma ligação mais forte.
Mas você. Decidi que não, que não iria embora. No começo foi relativamente fácil. O problema veio mais recentemente, quando percebi que todos os medos estavam começando a construir a barreira novamente porque eu comecei a gostar muito de você. Ao mesmo tempo que eu dava um passo para frente, um dos meus pés continuava atrás. Isso acabou me deixando confusa, nervosa e sem saber o que fazer. E houve as pequenas tentativas de sabotagem. E também acabei confessando que sentia medo e que não sabia ao certo como proceder. Eu comecei a me odiar por dentro. Ao mesmo tempo que eu tentava controlar meus atos emocionais e a tentar não demonstrar tanto, não me preocupar tanto, não pensar tanto. E a suprimir tudo o que eu podia. Então ontem eu não fui dormir, fui pensar. Assisti o sol chegar no quarto quando encarava o teto. 
Sabe, vou ter essas confusões internas, pelo menos por enquanto. E te juro que tento vencer elas todos os dias. Porque eu não queria ir embora. Não queria virar as coisas pra algo que pode ser tão bonito depois. Se eu permitir o crescimento disso, pode acabar dando certo, não sei. Talvez já tenha dado certo e eu não percebi também. Eu queria ser romântica, fofinha, sei lá qual o adjetivo melhor, mas queria ser. Não com as minhas amarras, mas ser eu. Não com meus medos do lado me questionando "se eu falar que gosto dele, será que ele vai fugir mais cedo?" e eu abrindo mão de ser espontânea e honesta comigo mesma. Eu acabo não sendo eu mesma. 
Você tem algo que irradia um sentimento tão bom, e acredito que nem você entenda isso. Mas você tem. Tem um lado tão bonito de você que eu tenho tanto interesse em conhecer. Assim como você tem atualmente uma nuvem de chuva em cima de ti, mas tudo o que eu mais queria era te ajudar a dispersar ela. Tem momentos que eu só queria tá aí pra te encher de cafuné quando você tá um pouquinho pra baixo e outros momentos que fico verdadeiramente feliz quando te vejo bem - e não estou falando da máscara que você coloca às vezes, mas sim, de te ver genuinamente bem em algum momento. Você é tão bonito por dentro e por fora, meu bem. Às vezes eu tenho a vontade de te morder, te encher de beijos e ficar olhando a Charlotte com cara de besta que nem você fica olhando pra ela - porque ela é linda demais mesmo. Por mais bobo que isso pareça ser, tudo o que eu mais queria agora era poder estar aí pra discutir sobre quem vai dormir na parede - e você vai ganhar porque eu vou me derreter com a cara que você vai fazer.

I never saw it happenin'
I'd given up and given in
I just couldn't take the hurt again
What a feeling

I didn't have the strength to fight
But suddenly it seemed so right
Me and you
What a feeling

...and it's brighter than sunshine.

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