Monólogo #6 - Alma Encontra Corpo II

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Caminhar sempre pareceu-lhe bom. Primeiro, porque observar as cores e pessoas é uma mania sua forte; segundo, porque a seus pensamentos deixam-a em transe com as distrações do dia-a-dia. Ela não gosta de ouvir música romântica enquanto caminha, mas não adiantava. Aquela maldita banda, assim como não sai de sua cabeça, também não sai do meu mp3. Vento balançava-lhe o cabelo curto, todavia ela não se importava. Só caminhava. E então afogou-se.
Ela gosta de pessoas. É. Ver, abraçar, mimar, dançar, rodar, brincar... com pessoas. Talvez seja porque ela é carente demais. Não carente de relacionamentos amorosos, não misture. Carente de carinho humano. Ela sente saudades de quando o melhor amigo, Manoel, botava a cabeça nela no colo e ela quase adormecia; daquele abraço forte e sincero com Milana; de sentir o pôr-do-sol na Estação com Patrick; e de ouvir Alex cantando Alanis do lado o dia todo. É, ou apenas pode ser que a saudade agarra-a violentamente cada vez que ela se despede de alguém. Ou as duas coisas. Gosta de sentir as pessoas, mais próximas, mais felizes. E ao mesmo tempo desses sentimentos, existe o medo. O medo de demonstrar demais, de mimar demais, de gostar demais, de abraçar demais. Medo do demais.
Fobias, medos, devaneios. Medo do próprio medo. Acelera o passo. Que merda, exclama. Queria ter abraçado mais, ter beijado mais, dançado mais, chorado mais, mimado mais... Mas o medo. Ah esse medo, grande medo. Calafrios, aperta mais o passo. Odeia frio, apesar da paixão arrebatadora por sorvete de menta (de ferrero rocher, bacuri, taperebá, tapioca, açaí, brigadeiro etc etc). “Cansei desses medos”. Falou entre a observação de uma nova estrela no céu nascente da noite -.
Pés no chão. Desacelera o passo. Respira como se nascesse naquele instante. Deita na grama sem se importar com a queda forte que levou. Fecha os olhos e então amanhece novamente.



Sou feia, fato.

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