Três meses, misturas, seres e esquecimentos.

quarta-feira, abril 04, 2012

Esqueci de muita coisa nesse ano que entrou.
Esqueci de algumas noites com amigos ou de como cheguei na minha cama.
Esqueci de alguém - romanticamente - que mora a quatro andares acima do meu.
Esqueci de uns defeitos e outros valores meus, substituindo por novos, aprendidos nas lições que a gente aprende ao sofrer um grande baque sentimental - e isso diretamente da tríplice amigos-romance-família.
Esqueci de certos tabus e vergonhas que eu tinha.
Esqueci de muitos ódios, mágoas e frustrações.

Misturei uma grande amizade com outro sentimento - e deu certo!
Misturei minha faculdade com minha responsabilidade e preocupações - e deu certo!
Misturei meus movimentos dançantes com meus amigos.
Misturei meu carinho e forças para dar uma chance às pessoas.


Esses três meses de 2012 estão valendo por um ano inteiro.
Por mais 'errada' que muitos julguem minhas ações, eu realmente não dou a mínima.
Chegou um ponto que resolvi segurar as rédeas dessa relação Fernanda-Fernanda. É algo direto e ninguém deve se meter nisso, desde que eu não prejudique ninguém nisso. Soa egoísta demais, mas pare para pensar: quem vai dar a palavra final nas suas decisões mesmo? Quem vai saber o que é melhor pra você? E se não for o melhor, quem vai levar a consequência de seus erros?
Eu falo isso claramente porque estou completamente sozinha em outro estado. Não me venha dizer que "tenho amigos do mesmo estado ao meu lado". Eu sei que eles nunca irão me deixar na mão caso eu precise com urgência deles, mas sinceramente? Quando foi a última vez que saímos juntos? A Fernanda é lembrada naquele apartamento? É, meus caros, o que eu sinto por eles, esse sentimento de família, não é recíproco - ou pelo menos não é demonstrado. E até digo mais, acho que havia muita pena em torno de mim ano passado e agora que estou recuperada dos graves problemas, sou esquecida. Mas eu entendo os motivos deles... e sei quais são. Nada grave, mas completamente compreensível. Isso não os torna pior que ninguém, mas que eles me fazem uma puta falta como amigos, não nego.
No fundo tenho a sensação que sempre estive sozinha nessa cidade. Não que seja uma completa solidão, porque senão o que são esses meus novos amigos e romance nessa cidade? Mas sozinha, digamos, solta.
Eu procurei os lugares para morar, fui na imobiliária sem família, encarei problemas por conta própria, resolvi praticamente todos os problemas que me apareceram em relação a moradia, pago minhas contas, recebo quatrocentos reais da USP por mérito próprio, tenho um estágio, volto sozinha de avião, viajo sozinha pro lugar que seja, lavo minha roupa na mão, limpo e arrumo minha casa, compro meus móveis, tenho minha própria chave, aprendi a cozinhar, voltava sozinha para casa nas madrugadas (agora tenho uma amiga ao meu lado), chorei muitas noites sozinha de saudades-solidão-tristeza mesmo, fiz besteiras enormes e sofri muito por elas, ergui a cabeça várias vezes, não deixei que isso tirasse toda a força que existe em mim - com a ajuda principalmente de duas amigas, um amigo de Belém e um ex-namorado.
Claro, nada disso seria possível sem o apoio emocional-financeiro da minha família em Belém (vide pai, irmão, Ana e tia mais velha), mas eu tive que tomar muitas decisões sérias em meus 19-20 poucos anos de vida. Isso sem nenhuma visita de parente ou algo assim. Eu sei que eles queriam estar aqui - assim como eu queria muito que eles viessem me visitar -, mas é algo que nem sempre podemos realizar.
Não vou mentir. Pensar na minha família em Belém, na distância e na ausência deles me faz chorar de saudades todas as vezes que eu estou só e eles tomam forma em meus pensamentos. Em como meu pai estaria fazendo piadas sobre tudo, como meu irmão estaria feliz falando de um novo cheat no jogo, de como a Ana brigaria comigo e com a minha 'rebeldia' que ela tanto dizia que eu tinha, de como minha tia me abraçaria com saudades e que meus gatos dormiriam no meu pé, aquecendo meus sonos... Agora eu já tô me desmanchando nas lágrimas e começando a pensar que ainda falta mais de três meses para encontrar eles de novo. São as pessoas que realmente fazem a diferença na minha vida e que sempre farão - são as pessoas mais importantes na face da Terra.

2012 parece diferente porque tudo começou a se encaminhar para o que deveria ser. Meus problemas vencidos e os que falta vencer, mas bem mais fracos, já não me sufocam mais. É como se nada pudesse quebrar o equilíbrio daqui de dentro, apesar de saber que uma hora irei cair de novo e vou ter que me levantar novamente. Mas eu me sinto plenamente feliz agora. Tenho minha família, apesar de longe, ao meu lado... tenho meus amigos - os de Belém e os daqui - por perto, tenho um cara incrível pra enchê-lo de beijos e tenho a mim mesma, que me faz companhia nos fins de semana solitários. E, por mais clichê que isso seja, eu realmente não preciso de mais nada.
Construí muitas vitórias em cima das derrotas que sofri. Recomeçar dói, mas a gente sempre precisa fazê-lo uma vez, e novamente, e novamente...







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Texto super egoísta, eu sei. Mas era exatamente isso que precisava desabafar/contar.

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