Desistência, família, ontem e outras coisas.

domingo, agosto 19, 2012

"Só porque estou perdendo
Não significa que eu esteja perdido
Não significa que irei parar
Não significa que deva me render...
"
(Lost!, tradução - Coldplay)


Uma coisa que sempre ficou na minha cabeça foi que eu não poderia nunca desistir.
Isso me levou a passar em praticamente todos os vestibulares feitos, alcançar metas que eu jamais pensei que poderia alcançar, ser mais do que eu planejava pra mim, reconquistar amigos, reatar relacionamentos, correr atrás de tudo que eu sabia que poderia ser alcançado - com um pouco de arrogância posso dizer que não há coisas impossíveis. Parece clichê, mas pra mim não é. É meta, é força, é correr e acreditar em si.
Porém, houve muitos momentos da minha pouca experiência de vida que não tive outra escolha a não ser desistir. Por sensatez, por outrem, seja lá o motivo que foi. Não é uma coisa na qual eu consiga me sentir bem, muito pelo contrário, eu fico arrasada e muitas vezes faço bobagens devido a teimosia de largar algo. Eu sei que tudo é uma questão de ego e de sempre tentar desafiar a si mesma.
Correr atrás de algo sempre tem alguma consequência porque é tudo uma série de escolhas. Ontem no Aiesec Day (sim, eu passei no processo seletivo!) teve uma hora que fizemos uma espécie de reflexão sobre nossas vidas, com os olhos fechados e uma música doce ao plano de fundo. Éramos desafiados a nos entregar totalmente e sermos completamente sinceros consigo mesmos. Eu chorei. Chorei como uma criança boba, chorei como não chorava há muitos meses e simplesmente não conseguia conter nenhuma lágrima. Ao lembrar que deixei Belém para vir para cá me maltratava, corroía por dentro. Lembrar que todo dia eu levantava pensando em como meu pai e meu irmão poderiam estar, o que poderiam estar fazendo naquele momento ou se precisavam de algo. Lembrar que faziam quase sete meses que não volto pra casa. Me senti completamente indefesa, queria o colo do meu pai, o abraço do João e o aconchego da minha casa. Mesmo com tantas pessoas ao meu redor, eu me senti só. Quando eu abri os olhos novamente, em poucos segundos estava abraçada em um colega ainda desconhecido, e depois abracei outro e outro e outro, todos falavam que não estávamos sozinhos nessa. Me reconfortei, sorri de novo e agradeci.
Depois, de madrugada na minha cama, parei para pensar o quanto somos todos fortes. Passamos por tanta coisa, tantas escolhas, tantas dores, tantas desistências... e estamos aqui, rígidos porém felizes. Não importa o quão miserável você possa estar, vai ter sempre um novo dia para continuar, vai ter sempre alguém para te dar uma mão. E se não tiver alguém? Bom, você tem a você, não tem?
Acho que às vezes devemos parar para pensar se não estamos exigindo demais de nós mesmo, se seu orgulho está atrapalhando, se você não precisa de um abraço para poder seguir em frente... O maior erro da minha vida é sempre achar que posso fazer tudo sozinha, que aguento sozinha, que quando desabafo/choro (compulsivamente na maior parte das vezes) com alguém é uma fraqueza minha, que não posso confiar em ninguém. É delicioso confiar em alguém, ter alguém pra chamar de "meu amigo" independente da relação que você tenha com esta pessoa. É incrível a nossa capacidade de nos fechar, nos reservar tanto... para quê? Ser transparente é confiar em si mesmo.
Estou aqui, digitando no banheiro, sozinha em meu novo lar, completamente entregue às lágrimas, mas com um sorriso no rosto e com a esperança de estar em casa em meados de dezembro, de me sentir completa novamente.

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