Fiquei sem reação ao ver aquilo. Não porque era um rapaz chorando, mas sim o ato em si, ali, em público, como se não houvesse ninguém ao redor. E ao ver alguém chorando, a gente sempre fica com um aperto no peito, uma agonia ao ver tal gesto. Mas ali, no meio da praça na USP? Sem ninguém...

Meio sem jeito e tímida, me aproximei dele e perguntei: "Moço, você precisa de ajuda?". Ele balançou a cabeça, enfeitou um sorriso e disse baixinho: "Vai ficar tudo bem uma hora". Perguntei se ele queria conversar - com uma estranha, no meu caso - e ele disse que não precisava, mas que agradecia muito por ter perguntado. "Se cuida, fica bem", falei e parti.
Ele parou de chorar por um instante e depois só colocou as mãos no rosto, mas eu já estava distante e não sabia se aquilo era um recomeço de choro. Queria saber o porquê daquilo, mas seria invasivo demais perguntar e talvez fosse algo dele. Algo só dele, sabe?
Lembrei que no fim do ano passado eu estava com muitos problemas - problemas por vários fatores e pessoas - e costumava chorar muito quando a dor vinha e não passava de jeito nenhum. Havia dias em que eu só queria ficar no quarto, enrolada em um edredom, tentando esquecer aquilo. Houve outros que voltava chorando da aula por lembrar que os problemas ainda estavam ali, firmes e fortes. Mas isso passou. Não que os problemas todos tenham acabado... digamos que eu tenha conseguido lutar e passar por um a um, dia após dia.
Não sei se vou lembrar do rosto dele quando o ver por aí, não sei se ele irá me cumprimentar, mas aquilo me deixou um tanto angustiada e só me fez pensar no seguinte: "Espero que o dia acabe bem, para todos nós".