Eu já tô acostumada em passar feriadões ou semanas sozinha - isso inclui férias também -, mas não deixa de ser um pouco triste, principalmente porque muitos de seus amigos estão em família nesse momento e você só tem o seu celular para entrar em contato com a sua. Não que eu reclame desses dias, dá pra dormir mais do que as habituais 5-6 horas, jogar o dia inteiro, colocar todos os trabalhos em dia (e tentar adiantar algum), mas mesmo assim é bem complicado entrar nas redes sociais e todo mundo tá com foto de família, almoço, domingão de futebol, etc, e lembrar que seu pai está a mais de 2000 km de distância.

Hoje é mais um dia da semana santa, semana que a USP resolveu enforcar toda (até hoje eu me pergunto o porquê de perder tanta aula, mas não reclamo, posso dormir mais haha), o dia do feriado oficial da semana santa. As ruas estão vazias, todos os lugares fechados, uma preguiça sem fim reina aqui na minha casa (eu não tiro o pijama há dias), um silêncio quase sufocante. Foi aí que ouvi um violão tocando e uma voz.

O vizinho de cima resolveu tocar violão e cantar alto. Era uma balada bem conhecida, dessas super românticas. "Ele canta bem", pensei. E fiquei no sofá tentando ler um texto, sem sucesso, pois só sabia me concentrar naquela voz que vinha dos altos. Confesso que me senti até menos só e mais alegre ao ouvir uma voz. Resolvi ligar para o meu pai, só pra dizer que havia um garoto cantando no oitavo andar. 

Obrigada, vizinho desconhecido, por ter feito a minha solidão ter dançado um pouco na sua voz.