Belém é conhecida por ser a cidade da chamada "chuva da tarde". Aquela famosa chuva, ou pra te fazer dormir a tarde inteira ou para pertubar seus planos. A famosa "colocar o pé pra fora de casa e lá vem ela". Quando eu fazia meu terceiro ano, em 2008, tinha uma vida meio puxada devido ao colégio e cursinho; fora que eles ficavam muito longe um do outro.
A aula do cursinho sempre começava às 3 horas e era justamente quando a chuva tomava conta de Belém. Eu pegava um ônibus na frente do NPI, descia no centro e andava dois quarteirões até o Physics. Um dia indo pra lá, meu guarda-chuva quebrou com a força do vento e precisei seguir sem ele até o cursinho. Cheguei ensopada e com aquele ar-condicionado, foi-se embora minha saúde. Mas foi naquela corrida rápida que comecei a gostar da chuva. Eu nunca mais comprei um guarda-chuva em Belém. Não me importava em andar nela, e quando realmente não podia me molhar, abrigava-me em algum lugar e a ficava observando. Isso, inclusive, foi exaltado por mim depois que me mudei do Pará pra São Paulo. Todas as férias lá e eu fazia questão de andar naquela chuva paraense.
Hoje começou uma chuva em São Carlos, dessas que passei um bom tempo olhando pela janela até ela chegar. Eu gosto do cheiro dela, da umidade subindo, o vento pertubando meus cachos e daquela sensação de paz que ela sempre me traz.
A verdade é que eu queria tomar banho de chuva, porém ir pra rua fazer isso sozinha não é lá muito divertido. As quatro únicas pessoas que estão em São Carlos que conheço não são muito fãs de chuva e acabei tendo que observar ela pela minha janela, como meu computador registrou na foto acima.
Só que estou com aquela sensação de que deveria ter ido lá fora brincar nela... iria me sentir mais leve, refletindo sobre meus próximos passos, pensando em que posso mudar, sentar na calçada, observar as árvores movendo-se no ritmo dela e deixando que a minha carga de preocupações fosse com ela, pela vala, sumindo em alguma entrada de esgoto qualquer.