Todo mundo já passou por uma situação parecida com essa: por muitos meses você pensou e reuniu todas as palavras que gostaria de ter dito e imaginou toda a cena. Você falou com o espelho e consigo mesmo durante as madrugadas, decorou de cor e salteado todas as frases. Mas e a coragem? Onde que ela foi? Então, mais um suspiro, mais uma noite sem a mínima força de vontade de pegar aquele telefone e ligar - pode ser uma mensagem do Facebook também, não é tão grave assim, não é um problema, é que você já não consegue lidar com aquilo na garganta. Afinal, vai ficar sofrendo até quando? Por mais quantos meses? Talvez alguns quantos anos?

Mas chega um momento da sua vida em que você, além dessa dorzinha escondida no seu peito a qual você teima em guardar para si, vê o seu mundo desabar - dentre tantas vezes que isso aconteceu e irá acontecer na sua vida. Você chora, se esconde no edredom, fica na sacada observando a chuva à sua frente cair, tenta assistir um filme, joga doze horas seguidas, mas aqueles malditos problemas estão ali, fazendo presença, martelando a tua cabeça antes de dormires. Você suspira, começa a resolver um a um, e em uma noite, quando, vitorioso, percebe que quase todos estão resolvidos, aparece aquela dorzinha de novo, aquelas palavras que você sempre quis dizer. Por que não agora? Parece um bom momento, já que você resolveu todos aqueles problemões anteriores, por que não resolver isso também?

Então, você toma a coragem e pede pra conversar sobre isso. Mas é ignorado completamente. Bom, pelo menos tentou e eu acho que você fez certo, vai ficar nessa agonia até quando? Mas e as palavras engatadas na garganta? Ser desprezado por uma das pessoas que você mais confiou na sua vida dói, e dói muito, mas passa. Pegue as lindas frases que você tanto sonhou (e arquitetou) em falar e esqueça. Sim, esqueça! Assim como o seu suposto quase-interlocutor te esqueceu.