Flautas, vozes, barulhos de páginas viradas, cheiro de cigarro.
Levanto, odeio cigarro, repito. Tom Jobim teima em possuir meus pensamentos entrecortados e cheios de devaneios. Sento na beira do rio Guamá, parece tudo tão sereno. A chuva da tarde resolve cair logo que sento numa pedra; abro a sombrinha e fico ali mesmo. Puxando o caderno vermelho, rabisco o início de uma canção ou o fim de outra.
Lembro então da minha tentativa de estudar Cálculo I há duas horas antes. Minha cabeça doía, meu coração estava mínimo e meu cérebro parecia estar com preguiça.
- Alguém por favor, me conserte. - nenhuma resposta. Oh, tão esperado.
O dia parece tão medíocre, azul e sem música.
Ando novamente, sento perto do RU e o sol volta a reinar. Em meio daqueles raios, viro para meu caderno e sinto o frio na espinha. Tento rabiscar. Um verso meio perdido escapa entre minhas mãos, vindo de meus pensamentos deliciosamente azuis.
Lembrei do fato. O que é voar?
Um sorriso tenta escapar entre lábios tão perdidos no espaço, mas não é libertado.
Como se cada célula escapasse da minha pele liberando minha alma, danço ao som de talheres batendo-se, em perfeita harmonia. Subo numa escada feita de versos e jogo-me de lá com os braços abertos, pronta para me afogar em reflexões.
Então, caio em uma cama cheia de travesseiros em letras, adormecendo com as canções liberadas dos meus pensamentos. Sonho com multicores, beijos, canetas, risos...
Abraço os joelhos enquanto observo a beleza natural à minha volta, o rio de maré cheia, árvores a celebrar o sol. Deito a cabeça nos ombros, enquanto o vento brinca com meus cabelos curtos.
Sorriso.
Eu queria que você estivesse aqui, encantando-me com seu olhar e com seu intelecto.


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Isso está mais para um mini-monólogo. Apontem meus erros, se houver.